quinta-feira, 10 de maio de 2012

Dia da Mãe

MÃE,
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas
que ainda não viajei.                                                                               
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta
cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!                          
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra
senão de viagens!                                                                                                 
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa,
um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da
nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres
 e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei,
escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito
apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva
exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão
 verdade!

Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro, 1921.


      
Porque as mães são o nosso colo, os meninos do Jardim de Infância Marvila nº1 elaboraram bonitos trabalhos para festejarem o dia 5 de maio.
             
Para as mães, construiram poemas, adivinhas, dedicatórias...
Elas ficaram tão contentes!

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