Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas
cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra
senão de viagens!
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa,
um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da
nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coserese eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei,
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito
apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva
exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão
verdade!
Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro, 1921.
Porque as mães são o nosso colo, os meninos do Jardim de Infância Marvila nº1 elaboraram bonitos trabalhos para festejarem o dia 5 de maio.
Para as mães, construiram poemas, adivinhas, dedicatórias...
Elas ficaram tão contentes!
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